A adoção da realidade aumentada (RA) no treinamento agrícola vem redefinindo a forma como produtores, técnicos e trabalhadores rurais se preparam para lidar com os desafios do campo. Ao sobrepor elementos virtuais ao ambiente físico, a RA oferece uma experiência imersiva, prática e segura para simulações de plantio, operação de máquinas e manejo de cultivos. “Quando falamos em tecnologia no agro, não falamos apenas de produtividade, mas de capacitação inteligente”, destaca Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.

Mais do que uma promessa futurista, a aplicação da realidade aumentada em treinamentos já é realidade em projetos-piloto e programas de capacitação desenvolvidos em parceria com universidades, empresas de tecnologia e grandes grupos do agronegócio. 

As simulações possibilitam que o trabalhador rural aprenda, por exemplo, a calibrar um pulverizador, a conduzir um trator ou a identificar pragas, tudo em um ambiente virtual controlado, antes mesmo de ir a campo.

Em uma atividade que envolve alto risco de acidentes, especialmente na operação de maquinários, a RA surge como uma ferramenta estratégica para treinar profissionais sem expô-los diretamente ao perigo. 

A tecnologia permite repetir cenários diversas vezes, adaptá-los conforme as necessidades da lavoura ou região e criar métricas de desempenho personalizadas. 

“A grande vantagem está na capacidade de errar sem prejuízos reais”, comenta Carlos César Floriano. “O aprendizado é acelerado porque o erro se transforma em simulação e não em perda”.

Ao evitar danos a equipamentos reais, perdas de insumos e ociosidade de máquinas, a realidade aumentada também representa uma alternativa mais econômica para treinamentos contínuos em propriedades rurais e cooperativas, facilitando o acesso à capacitação em regiões mais afastadas, onde a logística para realização de cursos presenciais é um obstáculo recorrente.

A RA também se alinha a uma nova geração de profissionais do campo, mais conectados, mais exigentes e mais abertos ao uso da tecnologia. 

Jovens sucessores de propriedades familiares e recém-formados em ciências agrárias demonstram maior engajamento em processos de aprendizado que incorporam realidade aumentada e outras soluções imersivas.

Para Carlos César Floriano, o futuro da produtividade agrícola depende diretamente do investimento em educação de base tecnológica. “Treinar pessoas com ferramentas digitais não é mais uma opção, é uma necessidade. A inovação no campo não acontece somente nas sementes ou nas máquinas, mas, principalmente, nas pessoas que as operam.”

Essa tendência também está sendo acompanhada de perto por fabricantes de maquinários que desenvolvem simuladores com tecnologia RA para treinar operadores antes da entrega das máquinas. 

O mesmo ocorre com empresas de defensivos agrícolas, que utilizam realidade aumentada para orientar sobre o uso correto e seguro dos produtos, contribuindo para a sustentabilidade da produção.

Especialistas em educação tecnológica rural apontam que a realidade aumentada representa um salto qualitativo para o setor. 

A tecnologia permite não apenas treinar, mas também, avaliar o desempenho dos profissionais em tempo real, ajustando os módulos conforme o progresso individual. 

Com isso, é possível formar operadores, técnicos e agrônomos com mais segurança e maior preparo técnico.

Embora a aplicação da RA em larga escala ainda enfrente desafios, como o custo inicial de implantação, a necessidade de conectividade estável e a formação de instrutores aptos, seu potencial de expansão é considerado elevado. 

Iniciativas públicas, privadas e projetos de extensão em universidades federais, têm testado o uso da RA em cursos gratuitos e presenciais em várias regiões do país.

Para Carlos César Floriano, o avanço da RA é um reflexo de um campo mais conectado às demandas do século XXI. “Estamos vivendo uma revolução silenciosa no agronegócio. Ela não se dá somente nas exportações ou nos recordes de safra, mas também, na forma como treinamos nossas equipes. A realidade aumentada é o início de uma nova era no campo”.