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Presidente reclama de juros altos e menos dinheiro que o esperado
Presidente reclama de juros altos e menos dinheiro que o esperado
Por Administrador
Publicado em 03/07/2025 14:59
Notícias

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja–MT) criticou o Plano Safra 2025/26, lançado na terça-feira (1), pelo Governo Federal. Para a entidade, o volume de recursos e as condições oferecidas pelo programa não atendem a realidade enfrentada pelos agricultores brasileiros, em especial os mato-grossenses, que lidam com baixa nos preços das commodities, alto endividamento e desafios estruturais como a armazenagem e o acesso a crédito.

Em entrevista, o presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, classificou o plano como “insuficiente e preocupante”. Segundo ele, o setor esperava medidas mais robustas para enfrentar o atual cenário de dificuldades no campo.

“Recebemos hoje as informações sobre o anúncio do novo Plano Safra, o que nos gerou preocupação. Estamos passando por um momento crítico, com baixa no preço das commodities e aumento do endividamento dos produtores. Isso afeta todo o Brasil, mas especialmente o Mato Grosso, onde temos novas fronteiras agrícolas e produtores investindo na conversão de áreas de pastagem”, afirmou Beber.

Embora o governo tenha anunciado um valor recorde de R$ 516 bilhões para financiar a produção agrícola na safra 2024/2025, o presidente da Aprosoja aponta que boa parte desses recursos, R$ 185 bilhões, vem de Cédulas de Produto Rural (CPRs) lastreadas em Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), ou seja, recursos não controlados diretamente pelo governo. Na prática, afirma Beber, isso representa uma redução de 17% em relação ao plano do ano anterior, considerando apenas os valores realmente disponíveis aos produtores sob controle oficial.

“Se descontarmos a inflação de 5,32%, o aumento real dos recursos controlados foi negativo em 0,32%. Ou seja, continuamos perdendo poder de compra”, destacou.

Outro descontentamento da Aprosoja reside também nas taxas de juros da linha de crédito, entre 8 a 14%, que, segundo a associação, está próximo da atual taxa Selic, tornando o crédito rural inacessível para a maioria dos produtores.

"O governo precisa ter um olhar maior, principalmente para médios e pequenos produtores, que são a grande maioria que compõem o nosso estado. Agora, com os juros atrelados variará entre 8 a 14%, ficando inacessível para esses produtores, ou seja, eles já estão endividados e dependem desses recursos para produzir e quitar suas dívidas", emenda.

Outro ponto de crítica do presidente diz respeito ao armazenagem, um gargalo histórico no estado. Segundo Beber, a entidade havia solicitado R$ 9 bilhões em recursos com juros baixos e subsidiados para pequenos e médios produtores investirem em infraestrutura, mas o governo destinou apenas R$ 3,7 bilhões — e com taxas mais altas que as sugeridas pela associação.

Ainda no comunicado, a associação reforça as críticas e afirma que o Plano Safra 2025/26 não trouxe avanços significativos e que o excesso de regulamentação prejudicará a efetividade da política pública. A entidade pontua que continuará atuando em defesa da política agrícola nacional, concreta e exequível, nos termos da Constituição Federal para que os recursos efetivamente cheguem às propriedades e para que o produtor rural tenha acesso a crédito com condições justas.

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